Nas duas últimas semanas, planejei escrever sobre a derrota do Dunga (óbvio demais) e também a respeito do intrigante encontro de Dilma Rousseff e Lily Marinho, a viúva de Roberto Marinho. “Dilma e Lily”, crônica com nome de musical da Broadway e tudo! Vejamos: o cenário, a mansão dos Marinho no Cosme Velho; o enredo, bem o enredo merece um parágrafo à parte. O próximo.
Nas eleições, aos olhos do populacho, até parecem inimigos mortais. Em “off”, reúnem-se para a nouvelle cuisine, o prosecco e aquela cara de paisagem.
A gripe que eu peguei me livrou dessa responsabilidade. Fiquei de cama. Esbocei um palavrório febril a respeito da Seleção. Joguei fora, no dia seguinte, assim que a temperatura caiu. De quanta besteira somos capazes quando um vírus invade os nossos mais íntimos humores!
O cronista é um paranóico. Tem grande chance de desenvolver esquizofrenia e transtornos obsessivos compulsivos. Modernamente, acrescento tecnomania.
O problema é a profusão de assuntos e as infinitas maneiras de que o cronista moderno dispõe para se manter atualizado.
Antigamente, o sujeito que escrevia crônicas ia atrás do cotidiano. Saía da frente da sua Olivetti. Ganhava as ruas e os bares em volta do cais do porto, que era onde as histórias mais incríveis aconteciam. Os sedentários falavam com os porteiros. Tinham como afilhado algum piá do subúrbio, herdeiro de motorista de praça; como conhecido, um representante, pelo menos, da cada classe, partido ou esfera com quem bebia ou jogava. Em todo caso, diligentes e acomodados eram unânimes quando diziam que uma história comezinha e aproveitável dificilmente lhes cairia no colo do nada e de repente.
Antes da Internet, as notícias envelheciam devagar. O quadradinho da crônica era o quê havia de mais efêmero na grande imprensa. O cronista e o repórter, ainda que a mesma pessoa, eram artífices distintos. Um era domador de feras e o outro, palhaço. Agora, tudo mudou. O cotidiano de todas as grandes cidades, afinal, só depende de um clique! Acessamos a notícia do último minuto que mais parece uma crônica e a crônica, de tão elaborada, confunde-se com uma típica reportagem.
Papéis trocados para o nosso deleite e loucura! O cronista digital é um palpiteiro com grande poder de fogo. Às vezes, reza para pegar uma gripe e se livrar de incalculáveis dilemas.
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A crônica "Incalculáveis dilemas" foi publicada em 18 de julho de 2010 no site AVASSALADORAS RIO onde o autor escreve semanalmente a coluna SURRA DE GRAVATA. Acesse o AVASSALADORAS RIO e leia a crônica desta semana!
A nova fase do Crônicas de RG traz duas surpresas, dois cronistas convidados: Poliana da Silva (Jogo de palavras) e Tony Descrença (Mão pesada). por ANDRÉ FERRER em junho de 2010.
Acesse agora mesmo os Comentários Inteligentes com Sofia de Buteco! A primeira parte, relativa ao jogo Brasil x Coreia do Norte, é divertidíssima.
O blogue é bem cuidado, traz atualizações frequentes e tem humor e inteligência. Não há dúvida de que se contam boas histórias neste endereço! Confira o post sobre o primeiro jogo do Brasil e aguarde pela cobertura do próximo! Imperdível! por ANDRÉ FERRER em junho de 2010
Perguntas. Fazer perguntas é sempre a maneira mais honesta de se abordar qualquer tipo de assunto. Como já dizia o pensador: "Eu só sei que nada sei".
Neste link, um post sobre o "fingimento" que lembra um daqueles ensaios do filósofo-pop-galã-francês Allan de Boton. Confiram no Avassaladoras Rio. Conheça um texto assinado por Arnaldo Jabor (será mesmo dele?), que a cronista avassaladora intercala com seus instigantes argumentos. por ANDRÉ FERRER em junho de 2010
Meios escritos de informação estão usando e abusando das duas formas "possíveis" de se escrever o nome da maior cidade da África do Sul, Joanesburgo. Isto mesmo, sem aquele "irresistível" H, tratando-se da forma aportuguesada, a qual as publicações mais cuidadosas adotam acertadamente. Aliás, a forma aportuguesada, dicionarizada, isto é, que consta na Norma Culta, é a mais apropriada. Johannesburgo também é razoável, mas aberrações que, displiscentemente, "enxertam" as duas formas não se admitem nos Editoriais e manchetes apresentados em publicações em Língua Portuguesa. Do inglês e do africâner (dialeto local), temos "Johannesburg". Agora, prestem bastante atenção nos verdadeiros "inventos" que as pessoas andam fazendo na Internet. Era isso! Fica também a nossa homenagem ao professor Pasquale! Consulte AQUI o verbete na Wikipédia. por ANDRÉ FERRER em junho de 2010
Interesante. Vocês não acham? Eis a origem do termo que se usa hoje como sinônimo de obra ou aquisição inútil e dispendiosa... (Trecho inicial da crônica "O Elefante Verde, Amarelo, Azul e... Branco!" de André Ferrer) Leia AQUI o restante. por ANDRÉ FERRER em junho de 2010.
É possível amar a Filosofia, ler e escrever a respeito de Sartre e Heidegger, e conservar intacta uma ardorosa fé católica? Eu confesso que não devoro os existencialistas com a mesma voracidade hoje em dia (especialmente Sartre, o meu segundo guru filosófico depois de Wood Allen) mas, nem por isso consigo reavivar a minha fogueira santa! Também, com o que se noticia atualmente sobre a Igreja de Pedro, nem precisamos ler ou reler uma linha sequer do bom e velho Jean-Paul para conservar o nosso espírito crítico bem afastado das abrasadoras chamas da obediência e da mansidão! É por isto que admiro pessoas como a estudante de filosofia Christiane, dona do blogue Filosofia, entre outros (consulte os seguidores deste espaço movediço logo ali ao lado). Filosofia e fé, inacreditável, como se fossem dois imensos e poderosos predadores convivendo pacificamente (!) numa jaula de dois metros por dois. Pós-modernidade?! Sinal dos tempos?! Ingenuidade?! Que nada: inteligência emocional e criatividade. Gostei da linda lição de flexibilidade Christiane! por ANDRÉ FERRER em maio de 2010.
"Roger Guilherme Torremolinos não é o 'Bin Laden do Common Sense'. Nós da TagRobot Company não apontamos 'as grandes asas abastecidas de combustível para as trigêmeas WWW'. Nossa MISSÂO é promover o conhecimento amplo e irrestrito na rede. Somos, na verdade, os Gideões Internacionais da internet; com a diferença, é claro, de que, no lugar de miniaturas do Novo Testamento, nós distribuímos cultura, ciência e informação genuinamente libertadora. Somos iluministas. Neo-iluministas, quem sabe... O futuro nos rotulará." Mas o quê é isso? Nada demais... RG voltou. "Mas não da Argentina; ora, da Argentina eu já voltei faz tempo. Estou de volta à internet. A este blogue. Ano passado, uma série de ocupações impediu-me de postar. Resolvi que a minha recente descoberta - a escrita de um blogue - podia esperar. Afinal de contas, eu andava financeiramente prejudicado." por ANDRÉ FERRER LEIA MAIS >>>
Brigitte Bardot brinca com, cria, destroi e recria um ícone ultrafeminino do Século XX.
"Ela gostava com. Deixou um poquinho no canto da boca. Eu vi. Ficou ali enquanto ela engolia. Maionese. Ela limpou depois. Brigitte Bardot." LEIA MAIS >>>
Vale a pena conferir os textos e os cartoons desse gaúcho. por André Ferrer em janeiro de 2010
O nome deste blogue já rendeu discussões, caras e bocas. Alguns homens se ofendem; as meninas riem travessas e embora eu tente divagar sobre o tema, tudo acaba na questão sexual.
Eu poderia ficar discorrendo sobre a singularidade do sexo com menina e com menino. Ambos são fabulosos. Sempre digo que o que me atrai são pessoas, o sexo é conseqüência. E rótulos são desagradáveis e inconvenientes.
Mas quero dizer:
1) O pênis é insubstituível e os homens quando sabem usar todo seu corpo para o prazer e não apenas o pênis, nossa, são incríveis.
2) O corpo feminino é um campo minado de prazeres.
Eu não posso dizer que um é melhor que o outro, adoro os dois.
Numa dessas querelas fiquei com a impressão que alguns homens heterossexuais não gostam de mulheres que gostam apenas de mulheres. Me pareceu que não gostam da ideia que o pênis não seja o único a dar prazer a um corpo feminino. Que todo sexo lésbico precisa de objeto fálico e por isso, não passa de uma masturbação entre amigas. Eu dei muita risada, confesso.
CONFIRA o post mais recente "Bolo de fubá com creme na virilha" >>>
Aonde vai dar o Brasil? Será que o filme do Lula responde esta e outras perguntas? Da minha lavra, Pressa para sentar, texto que foi postado em Crônicas de RG. "Nós, brasileiros, ainda estamos alguns níveis abaixo no que se refere ao entendimento de metáforas e simplesmente ficamos perdidos quando, na metáfora, nem o erro de concordância nem o Corinthians estão envolvidos." LEIA MAIS >>>
Por ANDRÉ FERRER, em Dezembro de 2009.
No sexto dia da Conferência Climática, os integrantes do chamado Black Blocs (grupos que promovem manifestações violentas) entraram em confronto com a polícia. Segundo a página de notícias do Yahoo, "os incidentes começaram pouco após a saída da manifestação que reuniu dezenas de milhares de pessoas por um acordo para o combate ao aquecimento global".
Ecologia também gera radicalismo. Nem a vontade de proteger o planeta escapa do exagero com que algumas pessoas agem nas conferências do gênero da COP-15 em andamento na Dinamarca. Eu li ou escutei em algum lugar que a Ecologia será a religião do futuro. Religião, fanatismo, ganância e dinheiro. Precisa mais para que o homem continue destruindo o planeta?
Confira o texto publicado no blog oficial do Greenpeace. A autoria do post é de João Talocchi. O tipo de texto que os elaboradores do ENEM adoram fatiar e colocam na prova de "Linguagem e Suas Tecnologias":
"Era hora do almoço quando meu telefone tocou. Nunca mais verei uma pessoa muito importante para mim. Uma pessoa que fez de mim muito do que sou e que me ensinou muito do que sei. Mas ela teve uma bela e longa vida, sempre foi carinhosa, honesta, justa e em sua estada neste planeta espalhou estes princípios. Eu estava no meio do centro de convenções onde acontece a CoP 15." LEIA MAIS >>>
O Blog do Ecologia Urbana tornou disponível alguns links para o acompanhamento do COP-15.
No seu blog, Jotabê Medeiros recebe notícias direto da Dinamarca. Os correspondentes são Matt e Jana (simplesmente), que, segundo o blogueiro, "vão tuitar as últimas da conferência global sobre o clima, no sponsors, ao estilo repórter mochilão".
Leia também "Picuinhas da COP-15" no blog da Revista Superinteressante.
Por ANDRÉ FERRER em Dezembro de 2009.
Descubra no texto de Guttwein um ponto de vista no mínimo curioso a respeito da natureza dos presentes. Presente pedagógico. Presente vingativo. Presente de grego para... nós mesmos. A época pede semelhante indagação. Então vamos ao texto! "Não generalizo, mas a minha maneira de ver, presenteamos nossos amigos, parentes e até inimigos por razões que, acreditem, pouco tem a ver com a intenção de fazer o outro verdadeiramente feliz." LEIA MAIS >>>
"Contrariando a máxima que sugere que homem só quer sexo e o controle remoto da TV, parece que querem muitas coisas pois obtivemos 3.830.000 respostas em 0,27 segundos! Uma delas chamou atenção pela fonte confiável. Uma reportagem da revista Women’s Health de Abril/2009 : “O QUE OS HOMENS QUEREM" por Rosana F. Freitas. Notamos que Homens e mulheres querem praticamente as mesmas coisas (mas, cuidado! homens e mulheres são diferentes.Graças a Deus!). Então fizemos a seguinte brincadeira: Colocamos ao lado da palavra homem e ele ... Mulher e ela, vejam que interessante e me digam se ambos, mesmo com as diferenças culturais, sociais, economicas, mesmo as físicas... querem quase as mesmas coisas..." LEIA MAIS >>>
Por ANDRÉ FERRER em 4 de dezembro de 2009.
Público: 640 000 pessoas (6 Maracanãs e Meio lotado)
Record de Público: Sábado dia 19, 100 mil pessoas (Um Maracanã lotado).
Livros vendidos: 2,45 milhões (3,8 livros por visitante).
Faturamento total: R$ 51 milhões e 500 mil (média de R$ 20,80 por livro).
Pesquisa de satisfação:
Público – resultado parcial até sexta-feira, dia 18. Universo de 385 pessoas.
- 95 % disseram que a visita compensou;
- 91% pretendem vir novamente (8% não sabe);
- Nota média de avaliação da programação cultural – 9,0
-74% dos visitantes compraram livros; neste universo a média de exemplares comprados foi de 4,8.
Expositores – resultado parcial até sexta-feira, dia 18. Universo de 80 pessoas.
- 97% consideraram total ou parcialmente compensadora a participação;
- 94% pretendem participar da próxima – 0 % disse que não pretende participar; 6% não soube responder.
Primórdios da Literatura Angolana
Foi justamente por meio da palavra que a realidade angolana começou a ser redesenhada
A Literatura é entendida como a arte de criar e recriar textos; de compor ou estudar escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia; o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época e ainda, como a carreira das letras pois, do latim “litterae” significa “letras”.
Neste artigo, apresentamos a literatura, como sendo o retrato da atividade humana, gerada pelas manifestações sócio-culturais de uma população em um determinado tempo e espaço social, através da utilização da linguagem, da língua e da escrita para fins não somente de comunicação, mas também estéticos, culturais e sobretudo, para a transmissão e conservação do legado cultural... LEIA MAIS!
A força da prosa e da poesia são as imagens. Aliás, a narrativa pode ser descrita como fragmentos de ação logicamente odenados e conectados como fotogramas de um filme que, rodados em série, na exata velocidade, reestabelecem os movimentos e recriam a vida. A força de uma narrativa, portanto, não só está nas imagens que o escritor adota de maneira adequada, mas também no modo como ele consegue intercalar tais imagens numa urdidura perfeita de ações. Cada imagem no seu devido lugar - entre gestos friamente calculados. É assim - e somente assim -, raciocinando mais ou menos como um diretor cinematográfico sem câmera, que o escritor trabalha. Ações e imagens concatenadas no tempo e no espaço sem que o fio da história seja interrompido, sem que este se mova aos trancos, do início ao fim. - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009.
Lílian não aguentava mais. Aquela era a última vez que Saulo, seu marido, enfiaria a mão no meio de suas pernas e diria: "Vai regular essa mixaria?" Esperou ele sair e interfonou para o porteiro:
- Vêm para cá agora, seu Genésio. E traz o zelador e o segurança. Ah, traz quem você quiser.
Aquela tarde, a até então recatada senhora deu muito, de todas as formas. E gritava para o marido, ainda que ele estivesse ausente:
- Não, Saulo! Eu não vou regular essa mixaria nunca mais! Pra ninguém, ouviu? PRA NINGUÉM!
Como bem se vê acima, encontrei um blog dedicado – eu diria – ao conto. Gostei da simplicidade. Foi tudo. As histórias curtas, “short story”, de “Interurbanos” parecem ter saido da última página de alguma revistinha suja. Os palavrões estão à solta. Algumas histórias já começam com “a mão naquilo”. Porém... PORÉM: são narrativas rasas, que servem para divertir. Entretenimento sem beletrismo. O que assusta é a imaginação do autor, bem como a sua disposição. Existe uma quantidade enorme de histórias para tão curtos espaços de tempo. Em maio de 2008, contudo, a produção encerrou abruptamente! O contador de histórias parece ter-se esgotado. Fim do sêmen criativo. - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009.
Sobre o mesmo tema, “falta de tempo para escrever”, encontrei outro post interessante. Foi no “Análise Blogueira”. Excelente página com dicas a perder de vista. Em “Como escrever com qualidade em seu blog, mesmo sem tempo”, lê-se: “Ultimamente estou forrado de compromissos o dia inteiro, dormindo no máximo 6 horas por dia e ficando morto à noite. Quando temos uma rotina assim, precisamos encontrar tempo para se divertir. Portanto, as coisas devem ser feitas mais rápidas, mas não podemos tirar a qualidade de nosso trabalho, mesmo sem tempo. Na blogagem, precisamos otimizar nossas tarefas, fazendo com que elas tomem menos o nosso tempo, mas mantendo a perfeição.” - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009.
Hoje é 02 de outubro. Bestificado, fiz uma busca faz dez minutos no Google: “Rio 2016 blogs”. Não achei muita coisa significativa sobre a escolha do Rio nos blogs, digamos, independentes. Há muita coisa nos blogs manjados da Globo, da Folha, Veja, etc, onde só escrevem os medalhões do sistema. Nada disso! Estava em busca de algo mais reacionário. Qual é? Antes, todo o sistema criticava e agora todos os medalhões viraram candidatos a mascote das Olmpíadas de 2016! Observação: creio que se tiver mascote, vai ser do Ziraldo (Eu já fiz a minha parte e a sugestão está lá em cima!). Quem quer apostar que vai ser o Ziraldo? Para não dizer que dei com os burros n'água “completamente”, achei este post no “Diário da Morróida”. Bacana. Trabalhador de verdade, não gosta de festa em plena sexta-feira. São Paulo vai trabalhar o mês inteiro das Olimpíadas, pagando os impostos altos que virão, enquanto o Rio de Janeiro para. Novidade... Afinal de contas, alguém vai ter que pagar a festa: São Paulo e o resto do Brasil! Aguardem os impostos. O do cheque já voltou com outro nome. Alguém aí percebeu? - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2006.
Mas, pensando bem: quando começa a posteridade nesse caso? Ah, hoje, ainda, depois que tudo ficar certo na Dinamarca. Torço para que seja no Rio. Em 2016, todos saberemos o resultado deste governo populista e marketeiro. Estaremos “podendo” arcar com a festa?! Outra posteridade... - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009.
Retrato do Seu João, 1938-2009 (autor desconhecido) que, segundo o blogueiro Everaldo Ygor, “foi um guerreiro, um anfitrião, venceu várias vezes o seu marca-passo que teimava em falhar, venceu a velhice com suas narrativas e resolveu passar para o outro plano assistindo TV junto com a sua família...”
Quando morre um elemental, fada ou duente – dizem –, uma estrela se apaga no céu. E quando morre um contador de histórias? Uma constelação de luzes, creio eu, acabam se apagando na Terra. Este mundo já tão cheio de escuridão recrudesce. As narrativas iluminam. Elas, que nasceram ao redor das fogueiras imemoriais, tomaram para si, desde sempre, a vocação de esclarecer o negro coração do homem. Quando morre um narrador como o Seu João, retratado pelo poeta blogueiro Everaldo Ygor no post “Homenagem Póstuma” , o homem e o mundo ficam obscuros. Vemos, por outro lado, que a essência da boa literatura é inata, pouco importando a formação do sujeito. Muitos escritores de cátedra e canudo produzem romances onde não se conta história nenhuma que não seja a história do próprio umbigo. Vendem livros como àgua, é verdade, na companhia de ex-putas e celebridades-relâmpago mais prestigiados pela ganância editorial (leia-se marketing e lucro) do que pela inventividade. Quem reclama que a Literatura Brasileira contemporânea anda ruim sente falta de verdadeiros contadores de histórias. Numa singela e poética crônica, Everaldo Ygor toca na questão inconscientemente. Confira em “Outras Andanças”. E viva o Seu João, iluminador desta trevosa Terra! - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009
"O Beijo”, foto eterna de Alfred Eisenstaedt, que foi tirada em pleno Times Square no dia da rendição do Japão em 15 de Agosto de 1945. A imagem ilustra uma das histórias do “Avassaladoras Rio”.
À primeira vista, o “Avassaladoras Rio” parece mais um blog escrito por mulheres ressentidas e ávidas por dividir seus ressentimentos com as colegas conectadas. Nesse tipo de página, que tempos atrás medrou na blogosfera brazuca, o catalisador da fúria feminista costuma ser o humor e o sarcasmo. No “Avassaladoras Rio”, há diversos componentes como a nostalgia e a delicadeza que tornam a equação macho-fêmea bem mais complexa (e humana, também diria), deixando de lado o puro maniqueísmo e aproximando da realidade atual esta que é uma das questões mais antigas e intransigentemente humanas. Há também notícias, dicas e responsabilidade social evidente. Comparações e piadinhas rápidas, aqui, são trocadas por belas narrativas que lembram as colunas românticas das antigas revistas femininas. São histórias curtas e bem escritas. Nelas não há o vazio de conteúdo nem o esnobismo literário também bastante comum na blogosfera; dizem aquilo que dizem diretamente. Sem artificialismos ou masturbação intelectual. Existe uma série de histórias (Doidas & Santas) em que os protagonistas recebem sempre os nomes Edgard e Laura. Numa das melhores (e que combina excelentemente com o visual Anos 40 do blog), a protagonista pensa perder o amor da sua vida para a Segunda Guerra e mergulha de cabeça numa vidinha forno-e-fogão até que, algumas décadas depois, quando já é avó e viúva, reencontra o seu herói de guerra. Vale a pena visitar esta criação conjunta de Cristina Guedes, Lúcia Helena, Gilma e Yoneide, uma confraria pós-moderna, mais feminina e humana do que feminista, que soma e multiplica no lugar de dividir, presta serviços sociais (vide a campanha Outubro Rosa) e, assim, respeita o visitante e privilegia o bom gosto. - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009.