AVASSALADORAS RIO
"O Beijo”, foto eterna de Alfred Eisenstaedt, que foi tirada em pleno Times Square no dia da rendição do Japão em 15 de Agosto de 1945. A imagem ilustra uma das histórias do “Avassaladoras Rio”.
À primeira vista, o “Avassaladoras Rio” parece mais um blog escrito por mulheres ressentidas e ávidas por dividir seus ressentimentos com as colegas conectadas. Nesse tipo de página, que tempos atrás medrou na blogosfera brazuca, o catalisador da fúria feminista costuma ser o humor e o sarcasmo. No “Avassaladoras Rio”, há diversos componentes como a nostalgia e a delicadeza que tornam a equação macho-fêmea bem mais complexa (e humana, também diria), deixando de lado o puro maniqueísmo e aproximando da realidade atual esta que é uma das questões mais antigas e intransigentemente humanas. Há também notícias, dicas e responsabilidade social evidente. Comparações e piadinhas rápidas, aqui, são trocadas por belas narrativas que lembram as colunas românticas das antigas revistas femininas. São histórias curtas e bem escritas. Nelas não há o vazio de conteúdo nem o esnobismo literário também bastante comum na blogosfera; dizem aquilo que dizem diretamente. Sem artificialismos ou masturbação intelectual. Existe uma série de histórias (Doidas & Santas) em que os protagonistas recebem sempre os nomes Edgard e Laura. Numa das melhores (e que combina excelentemente com o visual Anos 40 do blog), a protagonista pensa perder o amor da sua vida para a Segunda Guerra e mergulha de cabeça numa vidinha forno-e-fogão até que, algumas décadas depois, quando já é avó e viúva, reencontra o seu herói de guerra. Vale a pena visitar esta criação conjunta de Cristina Guedes, Lúcia Helena, Gilma e Yoneide, uma confraria pós-moderna, mais feminina e humana do que feminista, que soma e multiplica no lugar de dividir, presta serviços sociais (vide a campanha Outubro Rosa) e, assim, respeita o visitante e privilegia o bom gosto. - por ANDRÉ FERRER, outubro de 2009.